quinta-feira, novembro 24, 2016

Eu sou cliente da CGD e cidadão português



Enquanto cliente da Caixa Geral de Depósitos e cidadão português, estou farto de assistir a uma tragicomédia que parece estender-se sem um fim à vista. É nestes casos que apetece dizer: mete nojo!,  até diria: provoca náuseas, vómitos!
Por este andar, fico cada vez mais convencido de que este Governo diz uma coisa e faz outra, ou seja, diz que quer que a CGD continue a ser pública, mas faz com que ela se afunde de forma a, depois, ser privatizada por uns tostões.
Ligo o televisor e a rádio e não há dia que passe sem revelações sobre o “caso CGD”. Passo os olhos pelos jornais e vejo a mesma coisa. Se a minha conta na CGD fosse muito recheada, já deveria andar a ver pesadelos durante a noite e a sentir-me deprimido durante o dia. Mas, mesmo assim, não há mais paciência para assistir a este espectáculo degradante.
Num Estado que diz ser de direito, anda-se meses a discutir se se deve cumprir a lei ou não, ou seja, se os novos gerentes da CGD devem entregar ou não as suas declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional e se eles ficarão acessíveis a consulta ou não. Mais do que ridículo, isto é muito grave, pois atira por terra qualquer confiança dos cidadãos nas instituições. Como se costuma dizer: “quem não deve, não teme!”.
Mas as coisas tornam-se ainda mais vergonhosas quando se vem a saber que alguém do Governo de António Costa fez promessas à nova equipa de gerentes que vão contra as leis vigentes.
A telenovela já ia longa quando se veio a saber também que António Domingues, actual presidente da CGD, foi mandato pelo Governo para ir a Bruxelas realizar conversações sobre o futuro do banco público quando ainda era administrador e vice-presidente do BPI, o que pode ter provocado conflitos de interesses.  
E o caso arrasta-se, arrasta-se… Não compreendo que haja ainda investidores estrangeiros sérios que queiram empregar o seu dinheiro num país com um sistema bancário que se aproxima do surrealismo. A não ser que não tenham mais lugar onde empregar os seus capitais. Mas compreendo que esta situação atraia os “transportadores” de malas com milhões de euros de proveniência duvidosa, tanto mais que o trabalho destes é facilitado pela existência de notas de 500 euros e de “homens de negócios” que estão dispostos a receber qualquer tipo de dinheiro, por muito sujo que seja. Afinal, não foi o Imperador Vespasiano que disse que “o dinheiro não tem cheiro!” e ainda existirem “produtos bancários”, peço desculpa, queria dizer “produtos químicos”, que “lavam mais branco?
E o mais grave é que somos nós os contribuintes que temos de financiar este circo, e não aqueles que realizaram uma gestão ruinosa da Caixa Geral de Depósitos. Se eu me atraso um dia no pagamento de um qualquer imposto, sou imediatamente castigado sem dó, nem apelo.  Mas nada acontece àqueles que devem milhares e milhares de euros à CGD. Porque razão? 
Depois, senhores governantes, não fiquem surpreendidos com as vitórias de populistas tresloucados nas eleições. Sois vós que criais esses monstros políticos, só não sei bem porque razão: será que pensais escapar quando as coisas derem para o torto ou não tendes pena de nós, cidadãos comuns, nem dos vossos filhos e netos.
Não sei o que será preciso acontecer para que os governantes olhem para os cidadãos com o mínimo de seriedade e respeito.

Ainda pensei retirar o pouco que tenho da CGD, mas coloco a pergunta: e onde o vou guardar? Debaixo do colchão?

Sem comentários: